terça-feira, 30 de novembro de 2010

Piratas da Informática e a criação de uma nova Era


Por Mara Vanessa

Muito antes da década de 1970, o reconhecido teórico e pesquisador canadense Marshall McLuhan já preconizava em seus aforismos: "A maioria das pessoas está ligada a um tempo anterior, mas você deve estar vivo em nosso próprio tempo.” Steve Jobs e Bill Gates, dois protagonistas da revolução tecnológica que marcou o não tão distante século passado, dissecaram com exatidão cirúrgica os ensinamentos de McLuhan no que diz respeito ao caráter visionário que desenvolveram. Na época em que computadores pessoais eram prerrogativas dos filmes de ficção científica, Jobs e Gates provaram como estratégia e ampliação do campo de visão podem ser fatores decisivos na hora de construir impérios.

Essa é a narrativa encontrada no filme Piratas da Informática - Piratas do Vale do Silício (Pirates of Silicon Valley – 1999), feito para ser veiculado na televisão pela TNT, canal por assinatura especializado em filmes e séries. A película foi baseada no livro Fire In The Valley:The Making of The Personal Computer, de Paul Freiberger e Michael Swaine, e a história traça os passos de Steve Jobs, idealizador da Apple, e Bill Gates, fundador da Microsoft, duas gigantes da informática. Durante o enredo, o telespectador se depara com os fatos cronológicos que culminaram com a criação de estratégias de concorrência na ânsia de criar e, principalmente, inovar. Produzir hardwares e softwares capazes de dar ao usuário um computador passível de ser manuseado tornou-se obsessão de Jobs e Gates. Cenas dramáticas não foram excluídas da tela, apontando o criador da Apple como um homem megalomaníaco, perfeccionista e manipulador. Em contrapartida, se desmistifica a ideia de um Bill Gates unilateralmente bitolado e preso em números e programas, assumindo uma personalidade competitiva e obstinada.

O foco das cenas mostra duas empresas, personificadas na ambição de seus proprietários, lutando menos pela revolução do que pelos frutos que advém dela, como poder, dinheiro e status. A pirataria é vista como captação, adaptação, venda e cópia de interesses, dando a ideia de que a “febre da informática” é fruto do ‘nada se cria, nada se perde, tudo se transforma’. A narrativa fica a cargo dos personagens de Steve Wozniak, aliado de Jobs, e Ballmer, parceiro de Gates. No elenco, nomes como Noah Wyle (famoso por seu papel como Dr. John Carter no seriado ER), interpretando o magnata Jobs e Anthony Michael Hall, ídolo teen da década de 1980 e que passou por sérios problemas com o alcoolismo, como Bill Gates.

Piratas do Vale do Silício desmistifica a ideia de que somente conhecimento, boa dose de ‘nerdice’, timidez e altruísmo formaram o Império Apple-Microsoft. Ao contrário da lenda, os mitos foram demasiadamente humanos, procurando poder, status e imersos na ânsia do primeiro lugar, seja através de atividades inovadoras ou com a permissão da pirataria. Mas não é nada pessoal, é?

Nenhum comentário:

Postar um comentário