terça-feira, 2 de novembro de 2010

Luiz Gonzaga - um grande rei que deixou saudades

Por Tairo Silva
6º período/Jornalismo

Observando a história da música brasileira podemos encontrar dezenas de artistas que se destacaram por seu grande talento, criatividade, musicalidade e até mesmo pela personalidade forte. Mais o que falar de um fenômeno que fez traçou sua trajetória na música brasileira criou gêneros nunca vistos, indumentárias, cantou, tocou com maestria? Músicos como Chico Buarque, Raul Seixas, Gilberto Gil, Gal Costa, Elba Ramalho,Gonzaguinha já cantaram suas músicas. O mito ao qual me refiro chama-se Luiz Gonzaga do Nascimento.

Gonzaga nunca imaginou que vindo de onde veio, do sertão de Exu em Pernambuco, com a origem muito pobre que teve, fosse se tornar um artista mundialmente indescritível, pode se chamar assim. Não estou aqui para biografá-lo, e sim para tentar contar um pouco da trajetória desse grande músico, que conquistou o Brasil e o mundo.

Foto: Portal da Cultura


Luiz começou sua história na roça, no interior bravo, trabalhando no sol a pino, com o pai Januário. Este já tocava nas festas do lugar, com uma sanfona de oito baixos, instrumento bastante admirado por todos, principalmente pelo som que produzia, e pela dificuldade em ser manejada.



Nas redondezas não havia ninguém melhor na sanfona que o Velho Januário. EGonzaga observava o pai, aprendendo o instrumento e começando assim a ajudá-lo nas tocadas. Mais tarde no exército teve mais contato com a música, viajou muito, até se decidir pela música. Aprimorou-se na sanfona e caiu no mundo, lutando pelo seu sonho. Gonzaga nasceu no interior, no dia 13 de dezembro de 1912, mas viveu grande parte de sua juventude e velhice no Rio de Janeiro, onde fez sua carreira.

Cantava e tocava pelas ruas, solando sua sanfona em programas de calouros e, de vez em quando, arriscava soltar a voz. E foi num desses programas por onde passou que Luiz chamar a atenção de grandes empresários da música. Surgiu então seu primeiro contrato com uma grande gravadora e daí não parou mais.

Seguindo uma trajetória de altos e baixos, Luiz nunca deixou de acreditar no seu sonho e continuou a trabalhar. Mais tarde criou sua identidade, quando passou a usar a o gibão e chapéu de couro, indumentária de homem do sertão, do caboclo nordestino. Foi o inventor do forró e sua cultura. Entendeu que a sanfona dava a harmonia ao novo ritmo, a zabumba fazia o som de um contra-baixo e o triângulo fazia a marcação. Com esses três instrumentos inventou ritmos como o xote, o xaxado e o baião, que lhe consagrou como rei mais tarde.

Gonzagão influenciou a cultura do povo brasileiro

O povo brasileiro carrega consigo uma grande influência cultural, as festas juninas, data em que o forró tradicional impera e dá vida às comemorações. É impossível imaginar essas festas sem a música de Luiz Gonzaga. A sua importância é tanta que a data de seu nascimento, 13 de dezembro, se tornou o Dia do Forró, e é comemorado pelos milhões de gonzagueanos por aí a fora.

Luiz Gonzaga foi a grande voz de muitos temas importantes e teve muitos parceiros em suas composições. Cantou a seca que machucava o povo nordestino, a fome, a miséria, a saudade do caboclo, suas emoções, vitórias e derrotas, a esperança da chuva, a política, tema muito delicado de se tratar na época, e até mesmo o humor, presente em diversas músicas. Uma delas, ‘’Ovo de Codorna’’, trata do problema da impotência sexual masculina. “Eu quero um ovo de codorna pra comer, o meu problema ele tem que resolver’’, ensinou ele.

Enfim, Gonzaga tratou de milhares de assuntos importantes. Quem conhece “Asa Branca”, umas de suas canções mais conhecidas, espécie de hino extra-oficial do nordeste, não crê que antes que ela saísse do papel tenha sido muito criticada e chamada até de ‘’música de cego’’ – uma alusão às cantigas que portadores de deficiência visual entoam esmolando em igrejas e feitas. De “Asa Branca” foi dito até que a canção nunca iria fazer sucesso.

Não posso deixar de registrar que Gonzaga nem sempre foi o rei do Baião. Já tocou samba, bolero, marchinhas. Suas músicas ganharam versões japonesas, em tarantela e muitos outros. Sempre com seu jeito simples de matuto, conseguiu mostrar a realidade de sua época e até do porvir. Seus problemas, seus encantos, seus amores e desamores, amarguras e alegrias, expressando assim tudo o que sentia. Foi um dos artistas mais biografados do mundo. Tudo isso não deixa dúvidas de que Luiz Gonzaga do Nascimento foi e ainda é merecedor do título de Rei do Baião. Mesmo após à sua morte ele continua presente, até mesmo sem querer, no nosso dia-a-dia e sempre em nossos corações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário