quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mudando a Fórmula do Sucesso

Foto: Globo.com - Divulgação

Por Auristelânia Mesquita



Desde o ano de 1995, as tardes da televisão brasileira são recheadas de muito drama adolescente com algumas pitadas de maldade. Ao lermos isto o que vem imediatamente em nossa cabeça: O seriado Malhação. Em 2010, a sequência teen completa 15 aninhos de vida e após 18 temporadas na grade da maior emissora do país, aposta em uma formula um pouco diferente para tentar recuperar a audiência perdida ao longo dos últimos anos.

Para muitos, a atração já deveria ter saído do ar há muito tempo, pois a constante reclamação é que entra roteirista e sai roteirista com muita rapidez, e a fórmula continua sempre a mesma: a mocinha geralmente muito ingênua, que ajuda a todos e que enfrenta muitos obstáculos (entenda-se armações) para poder enfim ser feliz com o mocinho, que geralmente é uma espécie de Herói não só para ela, mas para todos que estão a sua volta. E por fim, o casal antagônico, cujo foco é, a todo custo, separar o casal “escolhido”.

É, sem dúvida nenhuma, podemos negar que durante muito tempo esta fórmula obteve êxito. Atire a primeira pedra aquele que, no auge de sua adolescência, não torceu para que a Nanda ficasse com o Gui ou a Betina com o Bernardo, ou qualquer um dos outros muitos casais que malharam lá naquela academia do início da trama ou que “estudaram” no Colégio Múltipla Escolha – que agora Chama -se Primeira Opção.

Bem, se analisarmos um pouco, talvez o fato de tudo isto ter dado certo por tanto tempo seja porque por mais que digam que em nossa época os namoros assumam um caráter mais volátil, ainda existam apaixonados como antigamente que torcem para que o mais puro amor prevaleça sobre a maldade que os cerca e olha que quem acompanha torce muito mesmo.

Provavelmente, o que tem irritado cada vez mais o público é que o perfil dos protagonistas e dos antagonistas é sempre o mesmo. Os primeiros, bonzinhos demais, os segundos, pura maldade. Na vida real, a história assume outras conotações. Sabemos que quem é noveleiro de verdade gosta deste ou daquele personagem porque se identifica com ele de alguma forma.

É interessante frisar as questões sociais e culturais desta nova temporada, por exemplo, a questão da maioridade penal. Na trama, o personagem Théo que ainda tem 17 anos é acusado por um crime de lesão corporal contra um jovem da mesma idade, é condenado, e após uma rápida passagem por uma instituição tem sua pena substituída por serviços comunitários o que gera um grande debate entre todos os personagens da trama e leva o mesmo questionamento ao telespectador: um menor de idade deve ser punido com o mesmo rigor que um adulto após cometer um crime?

Outros temas também que estão muito em alta como a questão da gravidez na adolescência, a questão do racismo, no caso de brancos contra negros e de negros contra brancos a própria questão do estilo e da ditadura da moda, a interatividade através das mídias sociais. Essa é a nova fórmula assumida pela Malhação. Se está dando certo ou não, só o tempo dirá.

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