quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Aceitação e conformismo marcam o jornalismo cultural piauiense

Por Lenny Moura

Um dos temas explanados no rol de oficinas disponibilizadas pela Semana de Comunicação, o jornalismo cultural já não é mais o mesmo, não encontrando espaço para se desenvolver com entusiasmo. Essa e outras questões norteam o trabalho do jornalista Marco Vilarinho (editor do caderno Metrópole do Jornal O Dia), e ministrante da oficina. Questionado sobre como o jornalismo deve agir em relação ao comercial e a falta de espaço nos jornais impressos para a cultura, Vilarinho admite: “só nos resta aceitar”.

Se antes os cadernos de cultura eram cansativos, oferecendo textos gigantescos, hoje, anúncios e celebridades ocupam a maior parte da editoria, além das colunas sociais que deixaram de informar e passaram a ser uma coluna de “bajulação”.

Um fato curioso dentro desse meio reflete na contínua reclamação de boa parte das pessoas pela falta de cultura nos jornais impressos, isto é, se colocarmos na balança uma resenha de um livro e um resumo dos capítulos da novela, com certeza o jornal será mais vendido pelo resumo da novela. Tal realidade abre espaço para o seguinte questionamento: Quem são os verdadeiros culpados? São os veículos de comunicação? O dono do jornal é um empresário, e ele quer lucro para a sua empresa. E, infelizmente, o jornalista acaba sendo obrigado a colocar: “Atriz da globo toma sorvete na praia” ou então “Clara reata com Totó”.

Trazendo para a realidade do Piauí, os cadernos de cultura são fracos no quesito cultural, seja cultura local ou não; cada um tem a sua e as culturas são diversas. Por preguiça ou pressa do jornalista, os textos acabam ficando vagos, e no jornal, o melhor meio de aprofundamento de determinado assunto, há atraso e obsolescência, pois a internet com certeza já deu a notícia.

Outro fator que também influencia para extinguir o jornalismo cultural é a falta de investimento dos governos e de empresas privadas em projetos culturais. É um absurdo um festival como o FestLuso – Festival de Teatro Lusófono, que reúne artistas de todos os países que falam o idioma português, tenha 60% da sua programação cancelada por falta de patrocínio. Mas nem tudo está perdido. Ainda existem pessoas que valorizam a cultura e vêm fazer suas apresentações.

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