sábado, 3 de abril de 2010

Anos rebeldes: cultura contra tortura

Por: Rafael Augusto

“Caminhando contra o vento sem lenço, sem documento...”. Caetano Veloso cantou junto ao tempo, a música Alegria, Alegria. O Brasil vivia no chamado Anos de chumbo, a ditadura era o governo PADRÃO. Um governo que censurava qualquer convicção que contrariava suas virtudes, além disso, torturava de maneira sanguinária o chamado “lado contrário”. Basta lembrar a morte do jornalista Vladimir Herzog que foi chamado a depor na sede do exército, e no outro dia foi encontrado morto. O mundo estava sitiado por duas “entidades paradigmáticas”: Estados Unidos e União Soviética. Que ditavam as formas de governo Capitalismo e Socialismo. Era a chamada Guerra Fria.

Jornalista Vladimir Herzog, assassinado antes de depor


Nas ruas, os estudantes vinculados a UNE(União Nacional dos Estudantes) protestavam diariamente contra à forma de governo, que de maneira covarde queimou a sede da entidade em 64. Na televisão a ditadura ditava o ritmo da programação, naquela época a emissora de Roberto Marinho, a TV globo impulsionou-se, e segundo muitos críticos apoiando-se nos preceitos ditatoriais, claro não sabíamos se era para se fortalecer, e se foi realmente, Marinho deu um show de inteligência, já que a partir desse período a emissora começou a se destacar. O regime vigente de forma “insigne” usava a mídia para propagar as conquistas tanto no esporte quanto no lado econômico, entre as mais importantes, a Copa do Mundo de 70. A publicidade foi à marca da ditadura; o Milagre econômico do General Emílio Garrastazu Médici, ganhou capas e mais capas de revistas e jornais, além disso também, as chamadas principais das rádios. Os que recusassem, eram fechados, lacrados, quebrados, humilhados... Será que os brasileiros não estavam enfadados? Se estivessem, teriam que ficar calados.

Parece com o presindente Lula na juventude, será que é? Estudantes e sindicalistas eram perseguidos

Como lembra Ana Maria Silva, no Artigo A Censura e o Rádio no Piauí do professor Francisco Alcides do Nascimento, a escolha das músicas tinham que ser cuidadosamente selecionadas. “Nem todas as canções da música popular brasileira podiam ser veiculadas. As músicas de protestos, quaisquer que fossem, eram censuradas”, afirma a discotecária, que naquela época trabalhava na Rádio Pioneira. Segundo Ana algumas composições de Chico Buarque também foram vetadas, por terem letras que não agradavam aos “generais”.

Foi durante esse período conturbado que em 1967, Caetano Veloso apresentou em um festival da Rede Record a música Alegria, Alegria que sem dúvida alguma foi um impacto geral. A música serviu como lançamento do movimento tropicalista. No princípio não agradou ao público, que depois vieram aplaudir de forma brilhante. A canção ficou na quarta colocação no festival. No mesmo festival Gilberto Gil apresentara Domingo no Parque que foi outro espetáculo de música.

Juntamente com Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré a música de Caetano ganhou espaço nas gerações vigentes e nas gerações futuras. Essas duas músicas cutucavam o governo e nunca foram aceitas; sempre quando tocadas eram censuradas, ao contrário da música Eu te amo meu Brasil de Dom e Ravel, que era a música propaganda do governo militar, na letra expressões como A mão de Deus abençoou e Em terras brasileiras vou plantar amor. Enquanto a letra da música de Dom e Ravel pregavam razões (fidelidade) em relação à nímia ordem dos generais, em prisões centenas de brasileiros eram torturados.

Caetano Veloso canta no festival da Rede Record

A música de Caetano ainda foi tema de abertura da Minissérie Anos Rebeldes de 1992, que retratava o período da ditadura. Mas por coincidência ou não, em 92 o Brasil estava mergulhado em outro período conturbado da sua história, o presidente Fernando Collor sofria o impechemat e os movimentos dos caras-pintadas faziam a todos lembrar os anos de chumbo.

Apesar de terem sofrido uma grande repressão por parte da ditadura, os talentos musicais, não deixaram de apresentar o poder de influência da cultura.
Acompanhe agora nos vídeos as músicas Alegria, Alegria, Eu te amo meu Brasil e Pra não dizer que não falei das flores



Eu te amo meu Brasil

Alegria, Alegria


Pra não dizer que não falei das flores

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