quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Estou levando uma vida de cão

Por Lenny Moura
6ºperído/Jornalismo

Apesar de ser muito pequena na década de 1980, hoje tenho certeza que faço parte da lista dos “viúvos” daquela década, pelo menos no cenário musical. Ou realmente eu parei no tempo ou a maioria das pessoas gosta mesmo de coisa ruim... Hoje em dia as mulheres são chamadas de “cachorras e rach%2#*s” e os homens “quebram o quadril” ao som de “Rebolation”.

A última da vez é um cantor conhecido como Paulynho Paixão ou PP. Tudo bem que o estilo brega tenha um grande número de fãs, mas esse PP é algo indescritível. Para meu desespero, o cantor vem atraindo centenas de pessoas que lotam bares de todo o Piauí, para ouvir o “rei do coladinho”, expressão que define o estilo ao qual a novidade pertence e reina sobre.

Foto: Google



Na década de 1980, quando acontece o fortalecimento do rock e punk rock, as pessoas eram mais livres no quesito musical, de certa maneira. Viviam intensamente, como se soubessem que aqueles anos iriam acabar. Li uma entrevista da cantora Joan Jett – ícone do punk rock – em que ela diz que o rock salvou sua vida e que, talvez se não existisse a música, ela estaria presa ou até mesmo morta.

Foi também nos anos 80 que o rei do pop Michael Jackson lançou o álbum “Thriller” e mudou a história da música e do vídeo clip. Podemos chamar aquela década de “mãe da música pop”, pois foi a partir dela que muitas bandas surgiram e continuam a surgir até hoje inspiradas nos ícones do pop/rock.

Para citar alguns dos ídolos oitentas, coloco aqui os nomes de Cazuza, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Biquini Cavadão, Engenheiros do Hawaii, Titãs, Blitz, Ira!..

No cenário internacional é bom lembrar de Bon Jovi, Duran Duran, Pet Shop Boys, Prince, Madonna, Guns N’ Roses, Iron Maiden e muitas outras que também foram congelados na década de 1980.

Juntos, esses grupos e artistas venderam milhões de discos e arrastaram multidões por onde passaram. Será que foi a tecnologia que fez com que eles parassem no tempo? Hoje se faz mais sucesso colocando um vídeo na internet do que gravando um CD. Isso deixaria as bandas mais desestimuladas para novas gravações?

Se a tecnologia ajudou nesse declínio musical não sei, o que sei é que o que desestimula é ver uma multidão cantando “apaixonado eu canto, eu bebo, eu choro por você. Não sou cachorro não, mas tô assim levando uma vida de cão”. Ninguém merece. Mesmo !!!