segunda-feira, 7 de junho de 2010

O machismo na literatura piauiense



Uma das palestras do 8o. Salipi discutiu um tema que suscita debates: o gênero na literatura. O historiador Pedro Vilarinho abordou o tema “História, Literatura e Identidade de gênero em Teresina no inicio do século XX.” Vilarinho faz um apanhado dos seus trabalhos realizados com pesquisa no âmbito da literatura, para identificar a inserção da mulher ao longo dos séculos, especialmente no inicio do século XX, com suas conquistas na política, na educação, em casa enfim, na sociedade.

O historiador afirma que é preciso construir a historia tentando entender os dois gêneros e construir a identidade entre masculino e feminino. A definição entre ambos se tornou uma discussão cultural, ao invés de biológica e natural, afirma. Educação e trabalho para a mulher são temas recorrentes nesses debates. O processo de educação foi emancipado, abriu o caminho onde se começava a evolução feminina, e esse processo está disputando de forma igualitária com o homem.

Para embasar suas afirmações, Pedro Vilarinho usa trabalhos de alguns literatos para poder entender o início desse processo de evolução feminina e a visão de homens no final do século XIX sobre essa nova realidade que se firmava na sociedade. Nesse processo, o historiador identificou que os homens tiveram um mal estar e ficaram angustiados com essa evolução, na medida que a mulher buscou suas identidades. As crônicas e a literatura do final do século XIX como um todo apontado esse fato, mas com tom irônico.

Um exemplo é que quando havia eleições, as mulheres preparam o almoço para seus maridos. Quando conseguirarm o direito de votar, os mesmos maridos queriam escolher os candidatos por suas esposas. Essa realidade mudou: a mulher do século XX rebatia, não precisava mais sempre servir o homem.

Um dos poetas que influenciou seus trabalhos foi Clodoaldo Freitas que descrevia em seus romances que preferia as mulheres ignorantes, do que as que disputavam com eles cargos políticos. Descrevia que preferia as mulheres frágeis, que passavam as tardes ouvindo ou lendo romances e que se casavam aos 14 anos.

Moura Rego, apresentava em sua literatura questões sobre a infância livre no mundo rural. Falava nas práticas em que os meninos construíam sua sexualidade de forma livre com os animais. Na transição para a vida urbana, os meninos passaram a disciplinar sua sexualidade, escolarizando-a..

O historiador conclui sua fala usando como exemplo o poeta Abdias Neves, também ele um machista. O historiador foi perguntado por um participante da palestra sobre se Abdias Neves teria de fato influenciando a evolução da mulher, piauiense já que em sua literatura a personagem “Julia” demonstra um sobressalto e independência em relação a seu marido, abandonado por ela no final da trama.

A discussão entre o homem e a mulher, o processo de conquistas que o sexo feminino se incluiu ao longo da historia, é encarado de maneira positiva, apesar de ainda haver recusa por parte dos homens . Pena que esse processo tenha se formado, o lugar da mulher desde o inicio deveria ser criado e formado assim como do homem, a evolução é vista como uma grande conquista, mas na sociedade o certo é que esse preconceito nunca deveria ter existido.