
Por Marcelo Medeiros
De que vale a liberdade de expressão sem o compromisso da ética profissional? Muitos pensam que ter liberdade e expressar seus pensamentos livremente na internet ou em qualquer grande canal midiático é poder conquistar um número maior de pessoas. Como em qualquer profissão, a forma como se trabalha no jornalismo é feita de escolhas. O jornalista escolhe trabalhar pela mudança ou trabalhar pela conservação. E tudo o leva a trabalhar pela conservação.
O papel da Academia é formar profissionais éticos e aptos a trabalhar em grandes corporações que, por sua vez, seguem pela conservação do status. Se, no caso do humorista Rafinha Bastos o problema ético foi criado, a solução precisa ser pensada a partir das empresas de comunicação. Elas trabalham sob uma lógica liberal: a lógica do indivíduo prevalecendo sobre o coletivo, do lucro e do espetáculo em detrimento do humanismo.
A transformação da notícia em espetáculo, como aparece no humorístico CQC, da Band, do qual Rafinha fez parte até bem pouco tempo, é uma prática muito comum. A confusão entre jornalismo e telespectadores é provocada pelas empresas de comunicação. O poder para corromper e criar factóides é o que as grandes empresas de mídia chamam de “liberdade” quando urram contra um novo marco regulatório para as comunicações, contra um controle social da mídia. Este é o único setor totalmente desregulado. Essa liberdade de empresa e de aplicação jornalística de conceitos éticos duvidosos é o que eles querem manter.
Rafinha Bastos, formado para trabalhar nessa lógica, muitas vezes não vê problemas em reproduzi-la. Muitos dos que buscam fugir disso e trabalhar de outra forma acabam engolidos pelo mercado. Então trabalham pela conservação e ignoram o jornalismo como instrumento de mudança social. O jornalismo independente e alternativo é um caminho diferente.
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